Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Israel: quando o terrorismo se reinventa

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Terça, 29 de Novembro de 2016 às 13:00, por: CdB

A série de incêndios florestais que durante seis dias atingiu centros urbanos importantes como Haifa e arredores de Jerusalém reacende a hipótese do envolvimento de ações criminosas nesse episódio que tomou ares de um dos maiores desastres do país, deixando um rastro perverso de danos ambientais, sociais e materiais de enorme envergadura.

Por Sheila Sacks, do Rio de Janeiro:

direto-convidado23Sofrendo com a falta de chuvas e ventos fortes, os incêndios provocaram a retirada de mais de 80 mil pessoas que vivem na cidade litorânea de Haifa, no norte de Israel, que tem 280 mil habitantes, entre judeus e árabes. Em 2010, a cidade já havia enfrentado um incêndio que resultou em 44 mortes. Cidades perto de Jerusalém e comunidades na Cisjordânia também tiveram de ser evacuadas afetadas por focos de incêndios e muita fumaça.

Ao anunciar neste domingo que os incêndios estavam sob controle, o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld destacou que os aviões continuam jogando água em áreas como a de Haifa, a terceira maior cidade do país, em um trabalho de prevenção. Cerca de 1,6 mil apartamentos e casas ficaram totalmente danificados sendo que 500 deles inabilitados para moradia. Os estragos na cidade estão estimados em 120 milhões de dólares. Segundo informações da agência France-Presse (AFP), foram destruídas mais de 13 mil hectares de florestas no país e detidas 23 pessoas suspeitas de terem provocado os incêndios.

Nova ameaça

Em reportagem, a agência de notícias espanhola EFE divulgou que autoridades israelenses consideram que muitos dos fogos foram provocados e que o primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, falou sobre uma onda de terrorismo incendiário. Seria um novo tipo de terrorismo que Israel enfrenta, declarou o ministro de segurança pública, Gilad Erdan. Uma situação preocupante não só para Israel, caso as suspeitas se confirmem, mas em relação a qualquer outro país do planeta. 

No Brasil - onde as facções criminosas e as milícias interagem com ilícitos pesados, desde a comercialização de drogas, armas e serviços até roubos de cargas e assassinatos, comandando as operações de dentro das cadeias em um arrogante desafio às forças policiais - alguém já parou para pensar se, por exemplo, nossa floresta da Tijuca, no miolo do Rio de Janeiro, uma das maiores florestas urbanas do país, com 4.200 hectares, vir a ser incendiada pela bandidagem? Ou virar alvo de atos de sabotagem de cidadãos indignados ou revoltados pelas centenas de mazelas públicas que são condenados a suportar no seu humilhante dia a dia? 

Preconceito na rede 

Em um mundo globalizado de ditadura digital, com a mídia informativa jorrando notícias continuadamente e as redes sociais temperando as informações, sempre com muito sal, os fatos acabam sendo engolidos pelas versões. Sejam em relação ao estado de Israel, a outros países, povos, religiões etc. As redes opinam, sugerem, reciclam, distorcem, amplificam e redesenham os ângulos das questões de acordo com o perfil ideológico dos indivíduos e os preconceitos inerentes à formação de cada um. Uma miscelânea que muda o conceito original de massa, que de acordo com o dicionário Aurélio consiste em um “número considerável de pessoas que mantêm entre si uma certa coesão de caráter social, cultural, econômico”. 

Mas, no mundo virtual, independente de aspectos sociais, culturais e econômicos que podem ser díspares, o preconceito e a intolerância têm o poder nefasto de juntar as pessoas. Muito mais do que separá-las. Percebe-se que inúmeras vezes o fato real que ensejou a notícia perde-se em labirintos de interpretações ou fica em segundo plano, emergindo em contraponto, de forma intencional, um dado correlato posto a serviço da neutralização ou negação do fato real veiculado. 

Nos incêndios ocorridos em Israel a maior vítima foi a sua população em todos os seus segmentos. Sabe-se que motivações de qualquer espécie não justificam atos de violência e vandalismo, e que nas proporções que afetaram o país configuram-se reais ações de terrorismo. Logo, existindo culpados, a eles a lei deve ser aplicada.   

Sheila Sacks, jornalista formada pela PUC-RJ sempre trabalhou em assessoria de imprensa. Tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total. Desde 2009 mantém o blog “Viajantes do tempo”.

Direto da Redação é um fórum de debates, publicado diariamente, editado pelo jornalista Rui Martins.

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