Francisco rejeita proposta de ordenar homens casados na Amazônia

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Publicado quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020 as 10:38, por: CdB

Em documento, Francisco não endossa recomendação feita durante o Sínodo da Amazônia no ano passado, que desencadeou um debate sobre o celibato obrigatório para padres.

Por Redação, com DW – de Cidade do Vaticano

O papa Francisco não endossou nesta quarta-feira a proposta de permitir a ordenação de homens casados como solução para a falta de padres na Amazônia, deixando de lado uma questão que dominou a Igreja Católica nos últimos meses.

Papa rejeita proposta de ordenar homens casados na Amazônia
Papa rejeita proposta de ordenar homens casados na Amazônia

Num aguardado documento, Francisco não fez referência alguma à recomendação feita durante o Sínodo da Amazônia em outubro passado, que desencadeou discussões sobre o celibato obrigatório para padres. Em vez disso, o papa pediu que bispos orem por mais vocações sacerdotais e enviem missionários à região.

No documento de 52 páginas, intitulado Querida Amazônia e dividido em 111 pontos, o papa resume suas reflexões sobre o Sínodo, no qual foram abordados problemas que a região e suas comunidades nativas enfrentam.

A ausência do tema na Exortação pós-sinodal decepcionou progressistas que esperavam, pelo menos, a solicitação de estudos adicionais, e aliviou conservadores que usaram o debate para aumentar sua oposição ao papa, a quem alguns acusaram de heresia.

A maior parte do documento é uma carta de amor à floresta e aos povos indígenas escrita pelo primeiro papa latino-americano da história, que há muito tempo demonstra preocupação com a exploração violenta da terra e as injustiças cometidas contra comunidades locais, além da questão ambiental.

Os povos do mundo

A carta é direcionada a todos os povos do mundo. No texto, Francisco expressa seus “quatro grandes sonhos” para a Amazônia: “que lute pelos direitos dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, “que guarde zelosamente a sedutora beleza natural” e, que as comunidades cristãs sejam “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”.

O papa também sugere desenvolver uma Igreja “com um rosto amazônico”, que incorpore os valores de comunidades nativas e integre a dimensão social com a espiritual.

Francisco defende também uma maior frequência da celebração da Eucaristia em regiões mais remotas e pede que bispos, principalmente os latino-americanos, sejam “mais generosos” e escolham a Amazônia.

No documento, o papa endossou muitas recomendações do Sínodo, como a participação maior de leigos na vida da Igreja e de um treinamento específico para padres que vão para a região voltado a atender necessidades de comunidades indígenas.

Bispos católicos

Apesar de reconhecer a importância das mulheres na região e afirmar que elas precisam ter um papel maior na governança e tomada de decisões, Francisco rejeitou sugestões da ordenação de mulheres e disse que precisam ser encontradas “outras formas de serviços femininos”. O papa encoraja ainda a união dos cristãos na defesa dos pobres da Amazônia.

Em outubro passado, bispos católicos recomendaram, durante o Sínodo da Amazônia,  a ordenação de homens casados como sacerdotes como uma solução para enfrentar a escassez de clérigos na região, uma proposta histórica que poderia pôr fim a séculos de tradição católica romana.

A maioria dos 180 bispos de nove países da Amazônia pediu também ao Vaticano para reabrir um debate sobre a ordenação de mulheres para desempenhar o papel realizado por diáconos, sustentando que “é urgente que a Igreja promova e confira na Amazônia ministérios para homens e mulheres de maneira equitativa”, de acordo com o documento final.

A recomendação foi criticada pela corrente conservadora da Igreja. Em meados de janeiro, o papa emérito Bento XIV voltou ao noticiário ao aparecer como autor de um livro contra a flexibilização do celibato. Em meio à polêmica, ele negou ter autorizado a publicação.

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