Dilma frisou que não acredita que o Congresso que governa o Brasil agora aprove uma reforma política
Por Redação, com Vermelho - de Brasília:
A presidenta Dilma Rousseff reafirmou, em entrevista ao jornal El País, o seu compromisso com a democracia e em retomar o seu mandato ameaçado pelo conspiração liderada por Michel Temer (PMDB), que classificou com uma "horada de hunos", em referência aos grupos bárbaros que invadiram Roma durante o Império Romano.
"Você não pode entrar no governo e rasgar o programa eleitoral que foi votado por 54 milhões de pessoas. Extinguem o Ministério da Cultura. Depois voltaram atrás, mas o que eles acham que devem fazer é o que fazem primeiro. Querem fazer uma reforma da Previdência que não prevê o aumento da inflação para os que ganham salário mínimo, que são 70%. E querem privatizar a Petrobras", denunciou Dilma.
E enfatizou: "Luto para voltar. É crucial para convencê-los [senadores]. Para isso usamos o oxigênio do debate, para matar os parasitas da democracia. Devemos mostrar o que está em jogo aqui. Não é só o impeachment. É a história. A história está sendo registrada".
Para a presidenta, o sistema político brasileiro "está em colapso" e que a seu retorno tem a ver com "a reconstrução da democracia no Brasil", e uma das alternativas é a consulta popular por meio de um plebiscito.
E Dilma explica: "É preciso perguntar o que o povo quer. Não estou dizendo que, se voltar, vai haver uma consulta popular. Estou dizendo que, para que haja uma consulta popular, é preciso que eu volte. Porque o meu mandato é legítimo. E o dele [Temer] não é".
Questionada porque não fez a consulta antes, Dilma disse: "Não tinha sentido. Meu mandato era legítimo... Tinha 54 milhões de votos. Em qualquer país do mundo, o fato de ser impopular em um regime presidencialista não leva a novas eleições".
Dilma avalia que a política de coalizão está desgastada e no seu retorno ao governo terá de pensar em como entregar o Brasil ao novo presidente eleito. "Teremos que discutir se é possível governar com 35 partidos, se é possível governar sem fazer uma reforma política antes", avalia.
Ela disse que tentou fazer um reforma política em 2013, "mas não consegui" e frisou que também não acredita que o Congresso que governa o Brasil agora aprove uma reforma política.
Sobre as medidas do governo provisório, Dilma salientou que eles querem "acabar com o pré-sal modificando o sistema de exploração para favorecer as grandes empresas". E reforçou: "E querem acabar com a política de saúde e educação. Não têm legitimidade, mas já enviaram ao Congresso uma medida que compromete nesses setores não só o futuro de dois anos, o que já é um absurdo, mas de 20".
Dilma se refere à medida que limita as despesas em educação e saúde ao que foi gasto no ano anterior mais a inflação. "O Brasil não é um país de população idosa. Pelo contrário: é de uma crescente população jovem. De modo que isso equivale a reduzir os gastos de educação per capita sistematicamente", destacou a presidenta eleita.
Ela também falou sobre a fragilidade do governo Temer, que foi obrigado a afastar três ministro por conta de gravações de conversas com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e envolvidos com as investigações da Lava Jato. "Três ministros que já caíram e algum outro engatilhado", lembrou. "E todos pelo mesmo motivo: a corrupção. E isso coloca o governo em uma situação complicada. É um governo que se diz de salvação nacional, mas, na realidade, é de salve-se quem puder".
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