Dilma apela ao crescimento mundial e Obama faz ouvidos de mercador
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Terça, 24 de Setembro de 2013 às 10:37, por: CdB
A presidenta Dilma Rousseff aproveitou seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU para fazer um apelo por um esforço pelo crescimento econômico mundial nesta terça-feira. Dilma argumentou que a economia global continua frágil, mesmo passada a fase mais aguda da crise, e que este é o momento para reforçar as tendências de crescimento. A presidente reafirmou seu compromisso com o controle da inflação e o rigor fiscal.
Já o colega norte-americano de Dilma, apontado como responsável por casos de espionagem ao Brasil, em seu discurso na ONU, logo após a contraparte brasileira, evitou tocar no assunto tanto da espionagem quanto da questão econômica e focou seu discurso nas negociações com o Irã, um dos maiores produtores de petróleo do Oriente Mèdio. Obama, afirmou em seu discurso no Plenário que deve haver base para um acordo sobre o programa nuclear iraniano, mas que as barreiras serão difíceis de serem superadas.
Em discurso no qual destacou a política externa dos EUA para as instáveis regiões do Oriente Médio e norte da África, Obama deixou claro que os EUA vão tomar ação direta para eliminar as ameaças quando necessário, e irão usar a força militar quando a diplomacia falhar. Sobre as aberturas diplomáticas oferecidas pelo novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, Obama disse que os EUA querem resolver a questão nuclear iraniana de forma pacífica, mas estão determinados a impedir que o Irã desenvolva uma arma nuclear.
– Os obstáculos podem se provar grandes, mas eu acredito firmemente que o caminho diplomático deve ser testado – disse Obama.
Obama exortou o Conselho de Segurança da ONU a aprovar uma resolução firme para garantir que a Síria mantenha seus compromissos sobre a entrega das armas químicas, e disse que os EUA vão fornecer ajuda humanitária adicional de US$ 340 milhões à Síria, embora haja denúncias de que a "ajuda humanitária" inclua a venda de armas aos rebeldes, que combatem o governo do presidente Bashar Al Assad.
Política econômica
Em seu discurso, na ONU, Obama também evitou qualquer menção à política monetária dos EUA, que tem afetado os países emergente e dificultado a recuperação do bloco europeu. Presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA, na sigla em inglês), Ben Bernanke, voltou a defender, junto ao presidente Obama, o programa de compra de ativos do banco central norte-americano das críticas de outros líderes globais, dizendo que é "essencial" para a estabilidade mundial que a economia dos Estados Unidos recupere sua força.
Bernanke sugeriu que a adoção das medidas impulsionará o dólar, cuja fraqueza tem provocado reclamações de Bogotá a Pequim. A decisão do BC dos EUA de comprar mais US$ 600 bilhões em títulos da dívida do governo vem provocando duros comentários de um grupo de nações para o qual a medida está gerando instabilidade ao valorizar suas moedas contra o dólar, além de inflar bolhas de ativos e alimentar inflação em suas economias.
– Com todo o respeito, a política dos EUA é sem sentido – disse em Berlim o ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble.
Respondendo a questões de estudantes, Bernanke destacou que a política do Fed com o objetivo de impulsionar a fraca recuperação norte-americana vai ser benéfica para todo o mundo.
– Acho que é importante enfatizar... que uma economia dos EUA forte, uma economia em recuperação é essencial, não só para os norte-americanos mas também é primordial para a retomada global – diz ele.
A política de afrouxamento monetário do Fed, com o anúncio de um novo plano de compra de Treasuries para injetar dinheiro na economia, tem causado irritação, principalmente nos mercados emergentes. A postura do BC dos EUA deve ser um ponto de discórdia no encontro entre líderes do G20 (o grupo das 20 maiores economias do mundo) na próxima semana em Seul.
O ministro de Finanças da África do Sul, Pravin Gordhan, afirmou que a política do Fed "mina o espírito de cooperação multilateral" que o G20 busca. O dinheiro vai encontrar seu caminho nos mercados financeiros de nações emergentes, com impacto potencialmente devastador nas exportações desses países, alertou.