Publicado Quarta, 05 de Outubro de 2016 às 20:19, por: CdB
Prioridade absoluta na agenda governo estabelecido após o golpe de Estado, em 13 de Maio último, a liberação para a venda do pré-sal foi aprovada por 292 votos contra 101e 1 abstenção. Há, ainda, algumas emendas a serem votadas, na próxima semana
Por Redação - de Brasília
Os deputados que apoiam o governo do presidente de facto, Michel Temer, aprovaram na noite desta quarta-feira a venda do pré-sal. Na prática, a maior reserva de petróleo do país será explorada por empresas privadas. Os recursos, agora, serão drenados para o lucro das petrolíferas estrangeiros. Deixam, assim, de apoiar a educação e a saúde dos brasileiros para enriquecer os acionistas das grandes corporações transnacionais.
A Petrobras também bateu recorde de produção de petróleo na camada pré-sal, ao chegar à marca de 700 mil barris diários no dia 16 de dezembro
Prioridade absoluta na agenda governo estabelecido após o golpe de Estado, em 13 de Maio último, a liberação para a venda do pré-sal foi aprovada por 292 votos contra 101e 1 abstenção. Há, ainda, algumas emendas a serem votadas, na próxima semana. A partir daí, a lei segue para a sanção do Palácio do Planalto.
A sessão de sete horas de debates foi marcada pela troca de ofensas entre parlamentares contrários e favoráveis à privatização. Nas galerias, cerca de 60 manifestantes protestavam com camisas e cartazes da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Os gritos, em coro, de "entreguistas" e "golpistas”, tomaram o Plenário na hora da votação.
Fim do pré-sal
O projeto foi apresentado pelo senador e hoje ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB). Trata-se de um dos principais articuladores do golpe de Estado. O texto aprovado encerra a obrigatoriedade de a Petrobras ser sócia obrigatória, com ao menos 30% de participação, na reserva petrolífera. Deixa, também, de ser a única operadora de todos os campos de exploração em águas profundas.
Segundo a nova legislação, caberá ao Conselho Nacional de Política Energética, "considerando o interesse nacional", oferecer à Petrobras a preferência para ser a operadora dos blocos. De acordo com analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, as maiores exploradoras do mundo tendem a comprar os melhores campos.
Representados pela Shell, as petroleiras transnacionais já fizeram contato com o governo em curso. Sob as novas regras, não escondem o objetivo de disputar os campos mais promissores, nos leilões agendados para 2017. A medida foi aprovada mesmo com os resultados dos novos poços do pré-sal. A produção nacional de petróleo bateu novos recordes em agosto, com 2,609 milhões de barris por dia.
Ainda assim, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, desdenhou dos números. Disse que tem havido "um certo endeusamento" do pré-sal.
— Existe uma parte de investimentos no pré-sal que traz resultados, mas a maior parte não — desconversou.
Assista ao vídeo gravado por Fernando Siqueira, engenheiro e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet):
'Entreguista'
Para os governistas, as gestões do PT e o desvio de recursos da Petrobras “quebraram a estatal. Mas, para os parlamentares nacionalistas, as consequências serão as mais nefastas.
— O que se propõe é entregar às grandes petrolíferas do mundo a primazia, a preferência para a exploração do petróleo. Qual é a consequência disso? Nós vamos retirar dinheiro da educação e da saúde. Só no campo de Libra, que é o filé mignon do pré-sal, se for aprovado o projeto a União vai deixar de arrecadar em torno de R$ 246 bilhões — afirmou o deputado José Guimarães (PT-CE). Ele foi líder do governo Dilma Rousseff na Câmara.
"Esta proposta vem à tona num momento em que o governo precisa mostrar ao capital financeiro internacional que o Brasil está à venda”, acrescentou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
— O Ministro Serra é o veículo disso. Ele é candidato presidencial e ele precisa se credenciar com os outros. Isto aqui é uma entrega. É vendilhão da pátria — concluiu.
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