Denunciante cita ’operador’ de Cunha por ameaça de morte

Arquivado em:
Publicado Quarta, 13 de Janeiro de 2016 às 12:21, por: CdB

“Os irmãos Schahin não são os primeiros a afirmar sofrer ameaça de morte no caso que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha

Por Redação - de Brasília e São Paulo
O processo ao qual responde o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), terá um novo desdobramento na Justiça Criminal, após o depoimento dos empresários Milton e Salim Schahin, donos da holding com o sobrenome da família, no âmbito da Operação Lava Jato. Ambos declararam à Polícia Federal (PF), em depoimentos tomados nos últimos dias, que vêm sofrendo ameaças de morte por parte do empresário Lúcio Bolonha Funaro, apontado pela Procuradoria Geral da República (PGR) como principal "operador" de esquemas criminosos liderados por Cunha, há décadas.
lucio-funaro.jpg
Funaro, que já frequentou uma CPI, é apontado como 'operador' de Cunha e autor de ameaça de morte
Segundo dados da investigação, que vazaram para a mídia, “os executivos contaram que foram alvo de diversas ameaças, que chegaram a ser registradas em boletins de ocorrência, e que por conta das ofensivas tinham medo de prestar esclarecimento aos investigadores”. Salim Schahin conseguiu aprovar uma delação premiada junto ao Tribunal Regional Federal do Paraná (TRF), após um acordo com o juiz Sergio Moro, na qual relata que as ameaças de Lúcio Bolonha Funaro chegavam por telefone ou mensagens. "Funaro, certa vez ligou para o depoente, dizendo que sabia onde o filho do depoente morava e onde o neto estudava [...]. Que escutou da própria boca dele que iria arrebentar o carro do depoente e coisas do gênero", diz a transcrição feita pela equipe de agentes federais. Lúcio Bolonha Funaro, vetor imediato das ameaças, foi alvo de um mandado de busca e apreensão no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou as investigações nos endereços de Eduardo Cunha, no Rio de Janeiro e em Brasília. “Ambos integram o mesmo inquérito da Polícia Federal, que apura o papel de Funaro na lavagem de dinheiro dos ganhos ilícitos de Cunha. A relação dos dois vai além: o operador pagava, direta ou indiretamente, despesas do presidente da Câmara. Como contrapartida, Cunha escalava deputados aliados para apresentarem requerimentos nas comissões da Câmara com o objetivo de pressionar a Schahin - um segundo tipo de retaliação que Cunha praticaria”, assegura o jornalista Luis Nassif, no site GGN. No depoimento, os irmãos Schahin admitiram ter sido beneficiados por um contrato bilionário com a Petrobras, assinado supostamente para compensar uma dívida do PT com o banco Schahin. A mídia conservadora paulistana já havia divulgado, ao longo da semana, que Funaro e os irmãos travam uma guerra desde 2008, quando ocorreu o rompimento da barragem de Apertadinho, em Rondônia, deixando centenas de famílias desalojadas. À época, a Centrais Elétricas de Belém, controlada por Funaro, contratou um consórcio que incluía a empresa Schahin. Depois do acidente, uma batalha judicial teve início para definir quem arcaria com os custos. Lúcio Bolonha Funaro, porém, mantinha relações que se estendem pela facção do PMDB liderada por Eduardo Cunha e além. Funaro é personagem na CPI dos Correios, em uma operação que gerou prejuízo de R$ 32 milhões ao Banco do Brasil. Nesse mesmo episódio, sai ganhando a corretora Link, dos filhos de Luiz Carlos Mendonça de Barros — figura próxima de José Serra e nomeado presidente do BNDES, em 1995, por Fernando Henrique Cardoso. Funaro é, ainda, sobrinho do ex-ministro da Fazenda, Dilson Funaro, durante o governo Sarney. O próprio empresário Mendonça de Barros chegou à diretoria do Banco Central pelo tio de Lúcio Funaro.

Ameaça de morte

“Os irmãos Schahin não são os primeiros a afirmar que sofrem ameaças no caso que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de ter se beneficiado de esquema de corrupção na Petrobras”, acrescenta o site de Luis Nassif. De acordo com a publicação “no último ano, o principal delator da Lava Jato, que deu início às investigações da equipe de procuradores e delegados da Polícia Federal, Alberto Youssef, disse que foi alvo de ameaças sucessivas do deputado licenciado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Cunha, chamando-o de ‘pau mandado’ do parlamentar. Pansera foi autor de requerimentos na CPI da Petrobras para quebrar sigilos telefônicos, bancários e fiscais das duas filhas de Youssef e de sua ex-esposa. O delator que afirmou que Eduardo Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina, em troca de contratos na estatal, o empresário Julio Camargo, também relatou ameaças do presidente da Câmara. Camargo justificou que não informou antes os repasses que o deputado teria recebido por medo de represálias”. Foi noticiado também na coluna da jornalista Mônica Bergamo, de julho de 2015, que o principal operador do PMDB no esquema de corrupção, Fernando Soares, conhecido como Baiano, também teria sido intimidado pelo deputado peemedebista. O próprio relator do processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Fausto Pinato (PRB-SP), registrou um Boletim de Ocorrência no qual denuncia ter sofrido sofreu ameaças de morte, sendo abordado por um homem no aeroporto da capital paulista, além de receber recados e mensagens, citando a sua família. “As ameaças teriam envolvido nomes além dos próprios investigados da Operação. A advogada Beatriz Catta Preta, que atuava com os principais delatores do processo, revelou que deixou as defesas por receber ameaças “veladas” e “cifradas”, que se intensificaram depois que seu cliente Julio Camargo afirmou que Cunha recebeu US$ 5 milhões de propina”, concluiu o GGN.
Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo