Delações premiadas perdem força quanto mais perto estão de Temer

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Publicado Terça, 04 de Outubro de 2016 às 09:00, por: CdB

Em conversas reservadas, pessoas ligadas a Odebrecht afirmam que a posição da PF contra delações premiadas teria relação com algum movimento do governo de Michel Temer

 
Por Redação - de Curitiba e São Paulo
  A Polícia Federal (PF) tem defendido, enquanto ninguém está vendo, o fim dos acordos de delação premiada nas investigações da Operação Lava Jato. Segundo delegados federais da PF, no Paraná, confidenciaram a repórteres, o “material recolhido” já seria suficiente para encerrar as investigações. Principalmente, agora que o presidente de facto, Michel Temer, tem sido apontado como beneficiário do esquema fraudulento.
cunha-temer-renan.jpgCunha representava um fator imponderável nas delações premiadas que chegam a Renan Calheiros e Michel Temer
Para a polícia, um exemplo é a operação de semana passada que prendeu o ex-ministro petista Antonio Palocci, que chefiou a Fazenda no governo Lula e a Casa Civil sob Dilma Rousseff. A ação investiga o elo de Palocci com a empreiteira Odebrecht, que está na reta final na negociação de acordos das delações premiadas e leniência com os procuradores ligados à Lava Jato. Com base em análises técnicas, sem a colaboração de suspeitos, o delegado Felipe Pace, da PF, concluiu que Palocci é o citado "italiano”. Sem medo de errar, o policial atribuiu uma identidade ao rascunho nas citações da Odebrecht. O ex-ministro, que cumpre prisão preventiva por ordem do juiz Sergio Moro, nega o envolvimento. Recentemente, a PF desdisse que as iniciais ‘JD’ em documentos semelhantes fossem uma referência ao ex-ministro José Dirceu.

Italiano e JD

Informação idêntica sobre o ‘italiano’ consta nos anexos da pré-delação de Marcelo Odebrecht. O ex-presidente e herdeiro da empreiteira negocia uma delação premiada desde que foi preso, ano passado. Seus advogados negociam com Procuradoria-Geral da República (PGR). Policiais federais, agora, alegam que poderá haver uma “sensação de impunidade” junto aos brasileiros, caso novas delações sejam fechadas. De março de 2014, quando começou a Lava Jato, já foram celebrados 66 acordos de delação premiada. Quatro outros de leniência (com as empreiteiras Toyo-Setal, UTC, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez). Caso a Odebrecht conclua as negociação, esse número chegará a mais de uma centena. A a empreiteira negocia a delação de mais de 50 funcionários do grupo. Segundo aqueles policiais que conversaram com jornalistas, presos da Lava Jato começarão a ser soltos antes mesmo do caso ser encerrado. E citam o caso do doleiro Alberto Yousseff, um dos principais personagens do esquema. Yousseff terá o benefício do regime aberto no mês que vem, após dois anos e quatro meses de cadeia. Moro, dizem os policiais, também se mostra reticente quanto a novas delações. Em conversas reservadas, pessoas ligadas a Odebrecht afirmam que a posição da PF contra delações premiadas teria relação com algum movimento do governo de Michel Temer. O presidente de facto tem sido citado, como integrante da cúpula do PMDB. A PF, oficialmente, nega qualquer diálogo ou influência do governo.
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