Por Redação - de Brasília:
O tempo corre contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nos processos a que responde no Supremo Tribunal Federal (STF). Esta é a semana final para que seus advogados respondam à notificação expedida no último dia 26. Cunha é réu na investigação que apura crimes de corrupção e formação de quadrilha, entre outros. O parlamentar recebeu a denúncia apresentada contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em Agosto, e seus advogados teriam 15 dias para apresentar a defesa junto ao STF, mas apelaram e conseguiram outra quinzena para apresentar a defesa. O prazo de esgota em início de Novembro.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenta preservar o mandato, mas os prazos começam a vencer nas ações no STF
Se o quadro de fragilidade jurídica do peemedebista aumenta na medida em que o se esgotam os prazos para a defesa das denúncias contra ele, no nível político não é diferente. Em entrevista a um diário conservador paulistano, publicada nesta segunda-feira, o também deputado federal e ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirma que o presidente da Câmara não tem legitimidade para conduzir um processo de impeachment, por ter sido denunciado sob acusação de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
— Esse cidadão é um debochado, agora passou a debochar das instituições. Ele é um psicopata. Não se confia numa pessoa sem caráter como ele. Ele joga dos dois lados. Quando ele diz que o maior escândalo de corrupção foi feito agora no governo do PT, é verdade, mas ele é um dos artífices disso, foi um dos que mais roubaram — disparou.
Cotado como possível candidato à presidência da Câmara, Jarbas foi o único parlamentar do PMDB a assinar a representação que pede a cassação de Cunha.
Enrolação
Cunha, no entanto, ainda não está completamente abandonado por aqueles parlamentares a quem ajudou e dos quais recebeu apoio suficiente para a eleição à Presidência da Câmara. No Conselho de Ética, onde tramita um processo de cassação do mandato por quebra do decoro parlamentar, seus aliados tentam adiar a decisão para que Cunha consiga mais tempo. A análise do processo, segundo o peemedebista Washington Reis (RJ), nenhuma conclusão sobre o caso de Cunha será conhecida até o final deste ano, com o que concorda o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA).
As manobras de Cunha para atrasar o início do processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética, porém, repercutiram mal no gabinete do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que já estuda ingressar no STF com um pedido de afastamento compulsório do presidente da Câmara. Na última quinta-feira, o deputado Silvio Costa (PSC-PE), um dos vice-líderes do governo na Câmara, protocolou requerimento PGR em que pede o afastamento de Eduardo Cunha, sob a alegação que o peemedebista utiliza o cargo para retardar o andamento da representação que o PSOL e a Rede Sustentabilidade protocolaram contra ele no Conselho de Ética da Casa.
Para Washington Reis, um dos aliados de Cunha no Conselho, o tempo “é curto” e diz que não pode haver “atropelo”.
– O ano legislativo praticamente está acabando, tem cinco ou seis semanas úteis. O tempo é muito curto, acho que não dá para terminar esse ano. Não pode atropelar, tem que conduzir com responsabilidade. Tem que analisar a coisa com muito equilíbrio, seja quem for, de qualquer partido – afirma o deputado.
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