Cunha anuncia rompimento com governo de Dilma

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Publicado Sexta, 17 de Julho de 2015 às 08:52, por: CdB
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O peemedebista declarou o rompimento com o governo federal um dia após ser acusado de receber milhões em propina
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou, na manhã desta sexta-feira, o rompimento com o governo da presidenta Dilma Rousseff. Durante a coletiva, em Brasília, Cunha disse que se tornou oposição e acusou o Palácio Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Na quinta-feira, um dos delatores da operação Lava Jato acusou Cunha de pedir US$ 5 milhões em propina. - O fato de eu estar rompido com o governo não vai afetar a relação institucional. Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido - afirmou Eduardo Cunha. Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo. - Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato] é uma orquestração do governo - disse. Ele lembrou que, desde junho, o Executivo iniciou uma 'devassa fiscal' contra ele e incluiu seu nome na delegacia de maiores contribuintes do país. - Esse tipo de devassa, de cinco anos é um constrangimento para um chefe de Poder - disse. O parlamentar disse que a delação de Camargo é “nula” por ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de investigação para o STF. - O juiz não poderia conduzir o processo daquela maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país - declarou. Cunha acusou o delator, o empresário Júlio Camargo, de mentir sob pressão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e afirmou enxergar no episódio uma ação “estranha” do governo. Notícias nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e nas revistas Época e Veja falam do rompimento de Cunha. À Época, o presidente da Câmara disse que “não há mais volta, a partir desta sexta-feira, minhas relações com o governo estão rompidas”. O PMDB de Cunha é o maior partido da coalizão governista e a legenda do vice-presidente da República, Michel Temer, e do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).Desde sua eleição como presidente da Câmara em fevereiro, o peemedebista tem sido uma dor de cabeça para o governo. Aproveitando-se da baixíssima popularidade de Dilma, ele assumiu o controle da agenda Legislativa e impôs algumas derrotas ao governo no Congresso. Ao comentar as acusações de envolvimento em esquema investigado pela Lava Jato, Cunha disse a jornalistas que “há um objetivo claro de constranger o Poder Legislativo”. Na quinta-feira de manhã, antes das notícias com a acusação contra ele, Cunha disse que pretendia ter em 30 dias uma posição sobre um pedido de impeachment de Dilma protocolado na Câmara. Cabe ao presidente da Câmara acatar ou não um pedido de impeachment, que pode levar a um processo pelo afastamento do presidente da República. – Na tese, a minha posição é que o impedimento tem que ser usado na forma da Constituição e não como recurso eleitoral -, disse na manhã de quinta. – Essas coisas têm de ser resolvidas na política… O Brasil tem um histórico de democracia se consolidando no tempo, não dá para a gente andar para trás – completou. Impeachment Na quinta-feira, presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o impeachment da presidente Dilma Rousseff não é improvável, mas seria um passo atrás para a democracia e não deveria ocorrer. Cunha afirmou, em entrevista a jornalistas, que pediu análises jurídicas sobre pedido de impeachment protocolado na Câmara e espera ter uma posição nos próximos 30 dias. O deputado afirmou ainda que seu partido já não “aguenta mais” a aliança com o PT, e que o discurso unificado do PMDB a favor de uma candidatura própria para a Presidência em 2018 foi um “recado” à sociedade. Na quarta-feira Cunha, vice-presidente da República Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) confirmaram que a legenda terá candidatura própria nas eleições de 2018. Cunha disse que não há candidaturas acertadas e descartou inclusive especulações sobre o seu nome. – Não sou candidato a nada. Se o povo deixar eu voltar como deputado já vou ficar feliz”, garantiu. Para ele, as declarações de Temer e Renan mostraram que os peemedebistas agora estão falando “a mesma língua. Quando eu falava era rebeldia. O PMDB tomou um posicionamento político. Todos que têm influência e liderança no PMDB pensam iguais. Não aguentamos mais aliança com o PT – afirmou. Eduardo Cunha voltou a defender a saída de Michel Temer da articulação política do governo assim que as medidas do ajuste fiscal forem concluídas. – Ele assumiu a articulação num momento da mais grave crise de governabilidade. Se não tivesse assumido, as medidas de ajuste não teriam passado, mas na minha opinião não deveria continuar – disse. Para o peemedebista, a atual crise política aliada à crise econômica em que vive o país tendem a agravar a capacidade do governo Dilma Rousseff. Cunha voltou a defender o parlamentarismo como solução para o país e afirmou que se este fosse o regime atua, o Brasil não estaria vivendo esta crise institucional e política. Segundo ele, o tema será discutido assim que os parlamentares voltarem do recesso que começa a partir da próxima semana e a ideia é estudar alternativas que possam valer a partir de 2019. Dilma: Brasil vai voltar a crescer Nesta quarta-feira, a presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil vai voltar a crescer e gerar cada vez mais empregos. Em cerimônia de inauguração de uma ponte em Laguna, no Estado de Santa Catarina, Dilma disse ser preciso construir pontes para unir as pessoas e atravessar as dificuldades, em meio a uma crise com sua base aliada no Congresso. – O que nós queremos no Brasil é que entre nós se construam pontes, porque juntos nós somos capazes de superar todas as dificuldades… Podem ter certeza, o Brasil vai voltar a crescer, gerar cada vez mais pontes como essa, gerar empregos e contar com sua população trabalhadora – disse Dilma em discurso. “Não vou cair” No dia 7 de julho, a presidenta Dilma Rousseff garantiu em entrevista publicada no jornal Folha de S. Paulo que não há base para isso e não vai cair. Dilma disse ainda que quer acelerar o ajuste fiscal e fará o possível para a recessão ser a menor possível. Na entrevista Dilma disse: “Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso”. Na matéria a presidenta diz que “para tirar um presidente da República tem que explicar por que vai tirar”. – Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real – completou. Dilma referiu-se a “uma certa oposição um tanto golpista”, mas disse que não acha que toda oposição “seja assim”.Apesar de atritos crescentes com lideranças do PMDB, especialmente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma rejeitou qualquer problema com o partido – o maior da base governista e que tem o vice-presidente da República, Michel Temer– dizendo que não são os peemedebistas que querem seu afastamento e disse que acha o “PMDB ótimo.” Segundo a presidenta, acelerar o ajuste fiscal é fazer já tudo que for preciso, “porque quanto mais rápido fizermos, mais rápido sairemos dele”. Dilma disse ainda que o Executivo prepara “medidas estruturantes que contribuem ao mesmo tempo para o ajuste como para o médio e longo prazos”, mas não disse quais seriam as medidas. Admitindo estar surpresa com a intensidade da recessão da economia neste ano, Dilma disse que “até o final do ano vou fazer o diabo para fazer a menor (recessão) possível”.
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