Menos de um ano após a adoção na COP, em Paris, por 195 países, o primeiro acordo mundial para combater as alterações climáticas entrou, simbolicamente em vigor, neste sábado
Por Redação, com agências internacionais - de Marrakesh
Quase 20 mil pessoas de todo o mundo reúnem-se a partir desta segunda-feira, em Marrakesh. Acontece, no Marrocos, a 22.ª conferência da ONU sobre alterações climáticas (COP22). A organização pretende que seja "a COP da ação".
Menos de um ano após a adoção em Paris por 195 países, o primeiro acordo mundial para combater as alterações climáticas entrou, simbolicamente em vigor, neste sábado. Três dias antes da COP22, onde os participantes deverão debater sua aplicação.
“Esta rápida entrada em vigor é um sinal político claro. Todos os países do mundo estão empenhados numa ação global decisiva. Somos contra as alterações climáticas", declarou, em comunicado, a responsável do Clima na ONU, Patricia Espinosa. O ministro marroquino dos Negócios Estrangeiros, Salaheddine Mezouar, que presidirá à COP22, também assina o comunicado.
Esperança
A presidência marroquina da conferência já manifestou a esperança de que esta seja "a COP da ação”. Espera que ela concretize "os importantes avanços" registados no ano passado em Paris.
Em Marrakesh, os negociadores ainda têm muitas matérias sobre as quais é preciso chegar a acordo, de forma a tornar o pacto operacional. Principalmente a definição de regras de transparência. Ainda, a apresentação das estratégias nacionais até 2050 e ajuda financeira aos países em desenvolvimento.
— O maior desafio em Marrakech é chegar a acordo sobre uma data limite para decidir as regras de aplicação do acordo. Sobretudo as de transparência. Se 2017 não é realista, 2018 é exequível — disse a negociadora francesa Laurence Tubiana.
Aquecimento global
As regras de transparência dizem respeito às informações que os países deverão fornecer sobre seus esforços para limitar suas emissões. Assim como os progressos das ajudas financeiras públicas. Paralelamente a uma maior transparência, o acordo prevê um reforço dos planos de ação de cada país. Visam limitar o aquecimento global a +2°C acima dos níveis pré-industriais.
Além do objetivo de limitar o aquecimento a +2ºC, o acordo de Paris prevê que os países realizem "todos os esforços necessários" para que não se ultrapassem os 1,5 graus Celcius. Evitariam, assim, "os impactos mais catastróficos das alterações climáticas".
No entanto, os compromissos atuais colocam o planeta numa trajetória de +3°C, ou até mesmo 3,4°. É o que prevê o relatório divulgado pela ONU na quinta-feira. O documento alerta para a subida ininterrupta das emissões mundiais de gases com efeito de estufa.
— Se não começarmos a tomar medidas suplementares desde já, acabaremos por chorar perante uma tragédia humana evitável — prevê Erik Solheim. Ele é o diretor do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA).
Para conseguir manter o aquecimento abaixo dos +2ºC, as emissões de gases com efeito de estufa têm de parar de aumentar. E depois têm de ser reduzidas entre 40 e 70% entre 2010 e 2050, segundo os especialistas.
“Agora que o mundo se reúne em Marrakesh, devemos reencontrar o sentimento de urgência que tínhamos há um ano", pediu em comunicado Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial. Kim alerta que "cada dia que passa o desafio do clima cresce".