BC, em relatório, aponta pausa no processo de desinflação

Arquivado em:
Publicado Terça, 25 de Outubro de 2016 às 12:18, por: CdB

"Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, disse a ata do BC. A autoridade monetária acrescenta que o movimento pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta". "Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária", acrescenta

 

Por Redação, com Reuters - de Brasília

 

O Banco Central (BC) destacou, em relatório divulgado nesta terça-feira, que há sinais recentes de pausa no processo de desinflação de serviços. Em ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) adota um tom mais duro em relação ao processo de corte dos juros básicos. Ressalta, ainda, que é preciso ter "persistência maior" na sua política.

bancocentral-2.jpgA Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle

"Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico". A ata do BC também se refere "à política monetária”. A autoridade monetária acrescenta que o movimento pode sinalizar convergência "mais lenta da inflação à meta". "Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária", acrescentou.

Primeiro corte

Segundo o BC, essa pausa já considera efeitos sazonais. E se dá "em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação". E acrescenta: "em velocidade aquém da contemplada no cenário básico do Copom".

"Esse cenário pressupõe uma trajetória de queda gradual à frente. Dessa forma, os membros do Comitê ressaltaram que é necessário monitorar a retomada dessa trajetória", acrescenta o BC.

Na última quarta-feira, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, a 14,00% ao ano, primeiro corte em quatro anos. Houve a avaliação que uma flexibilização moderada e gradual é compatível com a convergência da inflação para a meta de 4,5% pelo IPCA nos próximos dois anos. Na ata, o BC não fez referência se o comitê chegou a discutir corte de 0,5 ponto percentual na semana passada.

As taxas dos contratos de juros passaram a precificar chances maiores de corte de 0,25 ponto percentual em novembro. Anteriormente, o BC havia cortado 0,50 ponto percentual.

"O mais provável é que essa queda (da inflação de serviços) não apareça acelerada pelos argumentos que eles usam". A afirmação é do economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima, para quem o BC reduzirá a Selic em 0,25 ponto no mês que vem.

Projeção

Em relação aos próximos passos que tomará, o BC repetiu que a magnitude do corte nos juros e possível intensificação de seu ritmo "dependerão de evolução favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e 2018".

Também reiterou que para essa decisão irá avaliar a combinação de dois fatores: desinflação de serviços e evolução dos ajustes na economia. Na visão do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o BC endureceu um pouco o discurso, indicando que há grande probabilidade de manter o ritmo de afrouxamento.

"Ele chamou muita atenção para a inflação de serviços, se mostrou muito preocupado com isso", afirmou. "Ele deixou a porta aberta para acelerar? Deixou. Mas eu acho que no balanço ele está pesando um pouquinho mais para manter (o corte) de 0,25."

Sobre o lado fiscal, o BC indicou que "há consenso no comitê de que a velocidade no processo de apreciação das propostas de ajustes tem excedido as expectativas", mas destacou, por outro lado, que "a natureza longa e incerta do processo sugere que há, ao mesmo tempo, risco e oportunidade".

Mais atenção

A ata apontou que o BC seguirá acompanhando esses esforços atentamente. Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados deve votar em 2º turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos. Há uma ampla expectativa no mercado financeiro de nova vitória do governo.

Para a economista da Tendências Alessandra Ribeiro, o tom da ata também foi de cautela em relação ao ajuste fiscal. Segue na linha de "segurar o mercado nesse otimismo total". Ela lembrou que o BC destacou projeções para a inflação no cenário de mercado como sinalização dos limites para o tamanho do corte.

"Tudo para sinalizar que tem pontos que exigem mais atenção, apontando para ciclo mais cauteloso. Então (corte de) 0,25 em novembro está bem no jogo. E aí com as projeções apontando inflação na meta, acelera o processo", afirmou. Ela tem expectativa de redução de 0,25 ponto em novembro. Isso aumentaria o ritmo para 0,5 ponto na primeira reunião do Copom do ano que vem, em janeiro.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo