Filippelli, ainda sem se explicar sobre as acusações de propina, foi anexado no processo do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao lado de Temer, como testemunha de defesa
Por Redação - de Brasília
Citado na Lava Jato por receber propina da empreiteira Andrade Gutierrez, condenado e com os direitos políticos cassados por oito anos, Tadeu Filippelli, assessor especial do presidente de facto, Michel Temer, permanecia no cargo até o final da tarde deste domingo. Em depoimento vazado para a mídia conservadora, o ex-diretor da empresa Clóvis Renato Primo confessa ter pagado propina ao líder do PMDB de Brasília, durante a construção do Estádio Mané Garrincha.
Filippelli, ainda sem se explicar sobre as acusações que pesam contra ele na Justiça, foi anexado no processo do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao lado de Temer, como testemunha de defesa. Cunha permanece preso preventivamente, na carceragem da PF, em Curitiba. A ordem de prisão recebeu a assinatura do juiz federal Sérgio Moro, em 19 de outubro.
‘Grana alta’
Segundo o esquema delatado por Primo, a empreiteira negociou 1% de pagamento de propina para Filippelli. Ele teria começado a receber ainda durante a gestão do ex-governador José Roberto Arruda. O crime teria continuado no governo do sucessor, Agnelo Queiroz. O preço efetivamente pago pelos cofres públicos ficou 87% acima do preço original, R$ 1,4 bilhão.
— Recebeu uma grana alta — disse um dos promotores do Ministério Público Federal, a jornalistas.
Filippelli foi nomeado em julho de 2015 chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais. Na época, era comandada por Temer. Ele ganhou maior notoriedade após Temer assumir, em definitivo, a Presidência da República.
Delação premiada
“O então vice de Agnelo, Tadeu Filippelli, também solicitou à Andrade Gutierrez pagamento de propina via doações de campanha em favor do PMDB na ordem de 1% do valor do estádio”. A declaração é de Clovis Primo, no acordo de delação premiada.
Procurado pela reportagem do Correio do Brasil, o ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli não respondeu às ligações. Até o fechamento dessa matéria, o Palácio do Planalto também não havia se pronunciado sobre a permanência, ou não, de Filippelli no cargo.