Na entrevista concedida a Fernando Morais na sede da embaixada do Equador em Londres, onde Assange se encontra exilado desde 2014, o criador do site WikiLeaks garante que o presidente Michel Temer concedeu ao governo norte-americano informações “que não muitos tiveram acesso” sobre a política brasileira.
Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro:
No blogue Nocaute, de Fernando Morais, o criador do site WikiLeaks, Julian Assange confirma informação que circulava em espaços alternativos há algum tempo. Em entrevista exclusiva a Morais, Assange declara que Michel Temer passou ao governo dos Estados Unidos informações sobre política brasileira (quando era deputado).
Denúncia muito grave que revela uma das facetas do golpista usurpador que assumiu a Presidência da República, segundo analistas independentes, com total apoio do Departamento de Estado norte-americano.
Na entrevista concedida a Fernando Morais na sede da embaixada do Equador em Londres, onde Assange se encontra exilado desde 2014, o criador do site WikiLeaks garante que o presidente Michel Temer concedeu ao governo norte-americano informações “que não muitos tiveram acesso” sobre a política brasileira.
Assange detalha que o atual ocupante do governo brasileiro teve reuniões privadas na embaixada estadunidense com o objetivo de passar a eles “questões de inteligência política que não muitos tiveram acesso, discussões das dinâmicas políticas no Brasil”.
No vídeo que pode ser visto no Youtube, Assange explica também que o fato não deve significar que Temer é “um espião pago pelo governo americano”.
E prossegue: “eu não sei, não existem evidências de que ele seja um espião pago em termos de dinheiro. Estamos falando de outra coisa. Estamos falando de construir uma boa relação de forma a ter trocas de informação de parte a parte e apoio político mais adiante”, concluiu.
Assange tem feito inúmeras outras denúncias que para serem divulgadas no seu site passam por checagem rigorosa. Para afirmar o que afirmou para o jornalista Fernando Morais, a revelação naturalmente passou por checagens como outras que demonstraram ser absolutamente verdadeiras.
O que se espera agora é que Temer rompa o silêncio e explique a denúncia. Não basta apenas negar o grave fato que depõe contra a sua imagem e a do Brasil. É preciso que ele apresente provas, caso negue a grave a acusação. Não é mais possível que Temer e a mídia comercial conservadora continuem procedendo como se a denuncia não existisse, aliás, como acontecia antes, quando inclusive alguns espaços midiáticos do exterior repercutiram o que disse Assange.
O Brasil exige uma explicação por parte de Temer, até porque a continuidade do silêncio é por demais comprometedor, ainda mais agora depois que seu governo tem adotado uma política, tanto econômica como externa, de agrado do Departamento de Estado norte-americano.
E para a imagem do Brasil no exterior é mais do que lamentável o Presidente ser mencionado como um informante da embaixada dos Estados Unidos. O silêncio é ainda mais comprometedor vale sempre repetir.
O que teriam a dizer os representantes das Forças Armadas que por lei devem obedecer ao Presidente da República, no caso mesmo ele sendo um golpista usurpador do cargo. Fica muito mal para a instituição obedecer a um Presidente informante de uma nação estrangeira. E pior ainda quando uma acusação dessa gravidade é ignorada pelo acusado.
Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA Programa de TV transmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançados no Rio de Janeiro.
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