Envolvido em tantos escândalos de corrupção e denúncias sobre o mau uso do dinheiro público, Aécio Neves foi alvo de respostas irônicas e críticas a ele neste sábado, nas redes sociais
Por Redação – do Rio de Janeiro
Denunciado na Operação Lava Jato por cinco vezes, sob diferentes acusações, o senador tucano Aécio Neves (MG) foi citado agora na investigação que abrange a Lista de Furnas, como ficou conhecido o escândalo de corrupção na estatal de energia. O delator da vez é o ex-diretor da companhia Dilmas Toledo, indicado por Aécio Neves para uma diretoria da empresa no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e mantido no cargo durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Notícia publicada em um diário conservador paulistano, neste sábado, na coluna da jornalista Vera Magalhães, informa que há duas menções a Aécio Neves na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). “Na mais detalhada delas, o senador aponta intervenção do tucano, então governador de Minas, para ocultar dados da quebra de sigilo do Banco Rural, que demoraram a ser enviados à CPI dos Correios, em 2005. A outra diz respeito a um suposto esquema do tucano em Furnas”, afirma a colunista.
“Quem viu os depoimentos não tem dúvida de que o Ministério Público Federal pedirá abertura de inquérito contra Aécio. Citações anteriores a ele foram arquivadas por Rodrigo Janot”, prossegue.
Ouvido pela jornalista, Aécio Neves diz desconhecer as citações de Delcídio e “a que interesses elas servem”. Sobre Furnas, ele diz ser denúncia “requentada”. O senador mineiro já foi citado por cinco delatores delatores da Lava Jato e Janot vem sendo questionado por, supostamente, blindar o presidente nacional do PSDB.
Piada na internet
Envolvido em tantos escândalos de corrupção e denúncias sobre o mau uso do dinheiro público, Neves foi alvo de respostas irônicas e críticas a ele neste sábado, nas redes sociais, depois de divulgar um vídeo no qual convoca a população a estar nas ruas neste domingo 13 em protesto contra o governo.
— Esse próximo domingo não vai ser um domingo como os outros. Pode ser um domingo que mudou o Brasil. Mas para isso é fundamental que você, eu, todos nós estejamos nas ruas dizendo ‘chega desse governo’ e vamos construir uma nova história para o Brasil — diz o senador tucano no vídeo.
Por suas cinco citações na Operação Lava Jato, o senador mineiro foi o ponto central de um vídeo do ator e humorista Bemvindo Sequeira, esta semana. Sobre as manifestações deste domingo, Aécio foi questionado se iria de helicóptero, numa ironia à denúncia sobre o chamado “helicóptero do pó”.
“Que quem nunca roubou nem subornou ninguém esteja, tudo bem. Mas Aécio contra corrupção! Não dá pra levar a sério”, disse ainda o jornalista Hélio Doyle, pelo Twitter. Outro internauta perguntou: “vai se manifestar contra si mesmo e seus pares, vossa excelência?”.
Denúncia contra Aécio
Candidato derrotado à presidência da República, Aécio Neves era “o mais chato” na cobrança de propina junto à empreiteira UTC. A afirmação é do entregador de valores Carlos Alexandre de Souza Rocha, na gravação em vídeo de sua delação premiada, divulgada em uma reportagem de um jornal paulista. Carlos Alexandre trabalhava para o doleiro Alberto Youssef que, por sua vez, negou qualquer envolvimento com o senador. Carlos Alexandre afirmou, ainda, ter levado R$ 300 mil a um diretor da UTC no Rio, de sobrenome Miranda, que seriam destinados a Aécio.
Segundo relator de Rocha, Miranda estava ansioso pela “encomenda”: “Esse dinheiro tá me sendo muito cobrado”. Questionado, disse que Aécio era o destinatário do dinheiro. “[Miranda] ainda falou que era o mais chato que tinha para cobrar”, contou Rocha. Aécio também negou a acusação e chamou a citação sem comprovação de “absurda e irresponsável”.
Em sua delação, Carlos Alexadre, também conhecido como “Ceará”, acusou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de ter recebido propina, mas caso foi arquivo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki após apontar uma contradição com outro delator.
Operação Lava Jato
Responsável por entregar o dinheiro sujo com o qual o doleiro Alberto Yousseff irrigava o esquema criminoso descoberto na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), Carlos Alexandre de Souza Rocha apontou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) — candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais — como receptador de uma quantia milionária no esquema que beneficiava a empresa UTC Engenharia em obras na Petrobras.
Rocha disse à polícia, na delação premiada com a qual espera reduzir sua pena, que entregou R$ 300 mil, em 2013, a um diretor da UTC Engenharia, no Rio de Janeiro. O pacote estaria destinado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Rocha, conhecido como Ceará, relata que conheceu Youssef em 2000 e, a partir de 2008, passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$ 300 mil a vários políticos.
Ele disse que fez em 2013 “umas quatro entregas de dinheiro” a um diretor da UTC chamado Miranda, no Rio. O depoimento foi confirmado na confissão do diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana. Ele confirmou que o diretor comercial da empreiteira, no Rio, chamava-se Antonio Carlos D’Agosto Miranda e que “guardava e entregava valores em dinheiro a pedido” dele ou de Ricardo Pessoa, dono da UTC.
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