As normas estabelecidas no acordo entre a União Europeia e a Turquia estabelece que todos os migrantes que cheguem irregularmente à Grécia devem ser reenviados para a Turquia
Por Redação, com ABr - de Genebra:A agência da ONU para os Refugiados alertou nesta sexta-feira para a crescente degradação das condições nos centros de detenção de refugiados na Grécia e advertiu que a situação pode sair do controlar, caso não haja uma atuação rápida das autoridades europeias.
– No centro de Moria, em Lesbos, as condições se deterioraram desde 20 de março, quando começaram a reter as pessoas que aguardam uma decisão sobre a sua deportação. Há agora cerca de 2,3 mil pessoas, quando a capacidade é para 2 mil. As pessoas dormem ao relento e a comida é insuficiente – disse a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), Melissa Fleming.
Em coletiva de imprensa em Genebra, a porta-voz explicou que “a frustração e a ansiedade entre os refugiados são generalizadas”, com muitas famílias separadas devido às novas normas.
As normas estabelecidas no acordo entre a União Europeia e a Turquia estabelece que todos os migrantes que cheguem irregularmente à Grécia devem ser reenviados para a Turquia.
Para garantir o respeito à legislação internacional, cada processo deve ser analisado individualmente e, durante o período de avaliação, o candidato a asilo deve ficar em um centro de acolhimento.
Tumulto
– Na ilha de Samos, no centro de acolhimento da cidade Vathy, as condições de recepção também pioraram, a salubridade do local é pobre e a distribuição de comida é caótica – disse Melissa, acrescentando que na ilha de Chios, no centro de Vial, houve confusão na quinta-feira à noite.
Segundo a agência grega ANA, três migrantes foram hospitalizados em Chios, após o tumulto que provocou vários estragos no centro de Vial e levou à intervenção da polícia. Segundo voluntários, a confusão começou depois de um protesto de migrantes que exigiam autorização para sair do campo, um dos cinco hotspots (centros de acolhimento) das ilhas gregas.
Melissa disse que recebeu as informações de funcionários do Acnur no local, apesar de a organização ter anunciado em 22 de março que não vai colaborar com as autoridades europeias no processo de identificação dos candidatos a asilo porque a detenção obrigatória de migrantes é contrária à sua política.
A decisão foi corroborada por várias organizações não-governamentais, entre as quais os Médicos Sem Fronteiras. “É horrível estar ali e não poder ajudar, mas temos de ser coerentes, não podemos colaborar com uma política que é contrária aos nossos princípios”, disse Melissa.
Apoio
Diante da situação, o Acnur voltou hoje a pedir à União Europeia que atue com urgência para, pelo menos, aliviar as necessidades dos migrantes.
– Foi prometida muita ajuda de Bruxelas, mas até o momento as autoridades gregas é que estão agindo, com a capacidade que têm, que não são suficientes – disse a porta-voz. Ela também manifestou preocupação com a lentidão e as dificuldades no processo de registro dos migrantes e refugiados.
– Sem a ajuda urgente e o apoio da União Europeia, a capacidade limitada do serviço de asilo grego para registrar e processar os pedidos vai criar problemas – advertiu.
Fleming alertou também para a situação “péssima” nos 30 locais da Grécia continental onde estão concentrados os refugiados que chegaram ao país antes de 20 de março. “Nas atuais circunstâncias, o risco de haver vítimas nesses locais é real”, disse.