Lula não teme Lava Jato e se lança em cruzada por Dilma Rousseff
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Quarta, 12 de Agosto de 2015 às 12:21, por: CdB
Por Redação - de Brasília
Sem temer processo na Operação Lava Jato ou as ameaças veladas em conversas de parlamentares ligados à extrema direita, de que o juiz titular da Vara Federal no Paraná, Sergio Moro, pretenderia expedir um mandado de prisão contra ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agido com desenvoltura no cenário político, ao longo dos últimos dias. Os promotores que conduzem a operação policial, por sua vez, já negaram que o ex-presidente esteja entre os suspeitos.
Após o café da manhã, nesta quarta-feira, com senadores do PMDB e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula confirmou que seguirá adiante na defesa do governo da presidenta Dilma Rousseff e passará a visitar seus principais aliados, nos quatro cantos do país, em uma cruzada contra a tentativa de golpe desenhada nas manchetes da mídia conservadora.
– Quem chegou onde a gente chegou, não pode retroceder. Quero dizer que estou preparando meu caminho para voltar a viajar pelo meu país. Eu quero ver se nossos adversários estão dispostos a andar por este país e discutir este país como ele precisa ser discutido – afirmou Lula, na abertura oficial da 5ª Marcha das Margaridas, noite passada.
Lula em sua cruzada em favor da presidenta que ajudou a eleger para um segundo mandato, em 2010, pede para que ela não seja julgada por uma crise econômica que ela não criou.
– A crise não começou no Brasil. Ela começou nos Estados Unidos e na Europa. Algumas pessoas não perceberam que a eleição acabou dia 26 de outubro e que a Dilma é presidenta deste país – afirmou.
O ex-presidente acrescentou que os mesmos setores que querem “jogar a responsabilidade das dificuldades atuais à presidenta Dilma” e que se “agora se apresentam como solução, entregaram o país quebrado e devendo dinheiro para o FMI”.
Acerca das ameaças de impeachment da presidenta, Lula definiu como tentativa de dar como inacabada uma campanha eleitoral na qual os adversários saíram derrotados.
– Eles não perceberam que a eleição acabou. Eles não saem do palanque – disse.
O ex-presidente reconheceu que o momento é difícil, mas lembrou que os que hoje pedem o impeachment da presidenta Dilma são os mesmos que, em 2005, falavam em retirá-lo do poder. Porém, tinham consciência de que, para isto, teriam de enfrentar o povo.
– Com Dilma não será diferente. Tenho certeza que cada mulher que está aqui, que cada brasileiro, com sua coragem, vai defender esse governo. Ninguém vai barrar o processo democrático – disse.
Passado de luta
Em seu discurso para um público que lotava o acampamento das manifestantes, Lula lembrou o passado de luta da presidenta Dilma.
– Ousamos eleger uma mulher que aos 20 anos foi presa e torturada. Com a coragem das mulheres, ninguém ameaçará a democracia – afirmou, sob aplausos.
Lula também criticou os setores da sociedade brasileira que tentam impor retrocessos políticos e sociais, como a tentativa de redução da maioridade penal.
– Como o Estado pode cobrar de uma pessoa para a qual esse mesmo Estado não deu a formação necessária – pontuou.
A coordenadora da Marcha, Alessandra Lunas, da Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), falou sobre a importância da construção da democracia participativa.
– A Marcha das Margaridas vai às ruas em defesa da democracia neste momento crucial – concluiu.