'Guerra do gás' tende a afetar economia europeia, dizem analistas

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Publicado Sábado, 12 de Abril de 2014 às 13:10, por: CdB
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Militante pró-Rússia finca a bandeira do país vizinho em um prédio público na Ucrânia
Militantes pró-russos cravaram suas bandeiras em prédios oficiais em duas cidades do leste da Ucrânia neste sábado, ampliando o impasse com Moscou, enquanto Kiev alertou que a crise está levando a Europa para uma "guerra do gás" que poderá interromper o fornecimento no continente. Ao menos 20 homens armados com pistolas e rifles ocuparam a delegacia de polícia e os prédios dos serviços de segurança em Slaviansk, a cerca de 150 km da fronteira com a Rússia. Autoridades disseram que os homens apreenderam centenas de pistolas dos arsenais dos edifícios. Os militantes substituíram a bandeira ucraniana de um dos prédios pela bandeira vermelha, branca e azul da Rússia. Alguns moradores ajudaram os militantes a construir barricadas com pneus, esperando que a polícia tentará forçar a retirada deles, presenciou um repórter da Reuters. Mas não estava claro como as autoridades retirariam os militantes depois que o chefe da polícia da região anunciou ter deixado o cargo. Kostyantyn Pozhydayev saiu do prédio para falar com os manifestantes pró-Rússia na capital regional, Donetsk, e disse que estava renunciado "de acordo com suas demandas". Alguns de seus funcionários deixaram o edifício. Os manifestantes estavam ocupando o primeiro andar dos prédios da polícia de Donetsk e a bandeira preta e laranja adotada por separatistas pró-russos foi colocada no topo do edifício, substituindo a bandeira ucraniana, disse um repórter da agência inglesa de notícias Reuters. As ocupações são importantes porque se os manifestantes forem mortos ou feridos por forças ucranianas, isso pode levar o Kremlin a intervir para proteger a população russa local, um cenário já visto na Crimeia. Moscou nega qualquer plano de enviar tropas para dividir a Ucrânia, mas autoridades de Kiev acreditam que a Rússia está tentando criar um precedente para intervir novamente. A Otan disse que as forças russas estão mobilizadas na fronteira com a Ucrânia, mas Moscou afirma se tratar de manobras rotineiras. O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Deshchytsia, disse ter conversado por telefone com o chanceler russo, Sergei Lavrov, e pediu que Moscou interrompa o que chamou de "ações de provocação" por seus agentes no leste da Ucrânia. A Rússia e a Ucrânia têm se confrontado desde que protestos em Kiev forçaram o presidente pró-Rússia a deixar o cargo, e o Kremlin enviou tropas para a Crimeia. Renúncia Ainda neste sábado, o chefe da polícia regional da cidade de Donetsk, leste da Ucrânia, disse que estava deixando o cargo, cedendo a demandas de manifestantes pró-russos. A bandeira ucraniana foi retirada dos prédios da polícia, sendo substituída por uma bandeira separatista, de acordo com o que a agência inglesa presenciou. – De acordo com suas demandas, estou deixando o cargo – disse o chefe de polícia Kostyantyn Pozhydayev a manifestantes. Em resposta, a Ucrânia disse neste sábado que vai suspender os pagamentos à Rússia pelo gás natural, aumentando as tensões sobre um impasse que pode deixar países da União Europeia sem o produto russo, do qual dependem. Grande parte do gás natural que a UE compra da Rússia passa pelo território ucraniano. Portanto, se os russos cortarem o fornecimento à Ucrânia por inadimplência, vários clientes europeus ficariam sem esse gás. Andriy Kobolev, chefe-executivo da empresa estatal de energia da Ucrânia, a Naftogaz, disse que o alto preço que a Rússia está exigindo pelo produto era injustificável e inaceitável. – Suspendemos o pagamento durante o período de negociação de preços – afirmou Kobolev em entrevista ao jornal ucraniano Zerkalo Nedely. A decisão de suspender formalmente os pagamentos mostra que não há sinal de acordo com Moscou, o que pode deixar ambos os países perto de repetirem a antiga "guerra do gás", quando a Ucrânia teve seu fornecimento interrompido e afetou o abastecimento para a UE. Moscou disse que não quer desligar o fornecimento para a Ucrânia se puder evitar esse desfecho, e que honrará seu compromisso de continuar fornecendo o produto para seus outros clientes europeus.
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